Nada ao Acaso

2004-07-29

Uma família feliz ....

Há qualquer coisa de errado na família. A família não funciona. Sei que, como conservador, deveria defender a família. Mas não consigo. A família é indefensável. É um equívoco. É um efeito de economia. A família está a dar cabo das pessoas. E das famílias. Porque é que as pessoas, só por serem consanguíneas umas das outras, hão-de viver juntas?
As crianças haviam de ser separadas dos pais desde a mais tenra idade. Os próprios haviam de ser separados um do outro desde a mínima ternura. Só assim é que o amor poderia crescer e a família continuar. Há algo de promíscuo na maneira como as famílias vivem. As pessoas vivem umas em cima das outras. São obrigadas a ver o mesmo canal de televisão, a comer o mesmo arroz de polvo, a ouvir as mesmas discussões, a ver os mesmos roupões e até a cheirar o mesmo chulé dos mesmos chinelos anos 40 do avô.
É pouco saudável. Não admira que toda a gente queira bater a asa à primeira oportunidade. À ganância. Para cair noutro ninho, com outro marido e outros filhinhos, mas ainda pior. É por estas e por outras que as famílias se separam cada vez mais - porque não podem viver juntas.
Tenho para mim que o homem, como a mulher, não nasceu para viver em grupo. Uma casa de banho, por exemplo, jamais se deveria partilhar. Não dá jeito. É embaraçoso. Faz prisão de ventre. Defecar é um direito básico, a cujas sequelas atmosféricas ninguém deveria estar sujeito. Sobretudo em casas de banho interiores.
Se se quer conservar a família, é preciso mantê-la afastada. Mesmo contra a vontade. A separação cria saudade. A distância facilita o respeito. Marido e mulher deveriam ser obrigados a convidar-se diariamente para jantar. As refeições obrigatórias sabem sempre mal. O convívio forçado à mesa «Passa a hortaliça, não tires os macacos do nariz» - não é uma prova de amor, é um refeitório de penitenciários.
A partir dos seis ou sete anos, as crianças necessitam de uma casinha própria, onde o acesso de adultos esteja vedado, excepto em casos de incêndio, varíola, consumo comprovado de vodka, etc. Em suma, as crianças precisam de um apartamento separado, onde se possa escrever nas paredes, fazer barulho, torturar animais de estimação, disparar pressões de ar e tudo o mais.
A família ideal é um complexo habitacional com três chaves. Digamos um 2° andar Esquerdo, Frente e Direito. No Esquerdo mora a Mãe. No Frente moram os filhos e a criada. No Direito mora o Pai. Para efeitos de controlo, todos têm a chave uns dos outros, mas só para casos de emergência, porque são todos obrigados a tocar à campainha para entrar. Excepto em casos urgentes de carência de carinho «Ó Pai, está uma bruxa atrás das cortinas») ou de ciúmes «Maria José, Maria José - com quem é que estás a falar?»).
Cada apartamento pode ter apenas uma assoalhada. Mais vale viver em três Tl's separados na Reboleira do que tudo a monte numa enorme casa de família no Estoril.
As pessoas precisam de estar sozinhas, de curtirem e curarem as suas neuras na maior privacidade, de ouvir as músicas de que gostam sem chatear os outros, de se escaparem, de se fazerem caras e rogadas, de receber as pessoas de quem mais ninguém na família gosta. Só separada é que a família pode sobreviver. Contígua mas não comunitária. Adjacente mas não jacente.
Se um casal for impelido, por razões habitacionais, a tocar à porta, a levar flores, a convidar a jantar, a fazer a corte para poderem dormir os dois juntos, o amor pode durar muitíssimo mais. Uma família que tenha três moradas é feliz. Pode escrever cartas, pode trocar postais.
O horror da família é a proximidade. É horrível quando os pais ouvem os filhos a fazer concursos de puns, quando os filhos ouvem os pais a gemer e o colchão a guinchar, os gritos "Não! Não! Sim!" e depois o inevitável chapinhar do bidé. É indecente quando a mulher é obrigada a dormir ao lado de quem quis ainda há pouco esfaquear e que ainda por cima está a ressonar que nem um porco. Cada qual com a sua banda sonora - eis o lema familiar do futuro. O hino quotidiano das famílias portuguesas, que consiste na audição comunitária do barulho do autoclismo não é, nem nunca será, um cimento de solidariedade.
Para uma família ser feliz, é necessário haver sedução. Os filhos têm de ser charmosos para encantar os pais, os pais têm de se esforçar para educar convincentemente os filhos. E marido e mulher, caso queiram permanecer juntos, têm de passar a vida inteira a engatar-se.
O mal da família é a facilidade. É pensar que aquele amor já é assunto arrumado. O segredo é conviver em vez de coabitar. A família feliz constitui-se por vizinhos apaixonados, por condóminos de sangue, por um poligrupo sentimental. As pessoas só estão juntas quando querem estar. Só partilham o que querem partilhar. Passam a vida a entreconvidar-se. Os pais aliciam o filho: «Ouve lá - se nós te comprarmos uma Harley Davidson, não queres ir até ao Jardim Zoológico connosco?» Os filhos dão a volta aos progenitores: «Ó pai, o vídeo está avariado, conta-nos uma história.» O marido alicia a mulher «Vá lá, Maria José - fica comigo hoje à noite. Tenho caviar e champanhe no frigorífico, comprei o compacto do primeiro LP dos Smiths e a empregada mudou hoje os lençóis... e juro que amanhã de manhã eu também me levanto cedo e vou contigo ao oftalmologista...»
Uma família que é obrigada a convencer-se, a seduzir-se, a respeitar-se mutuamente é uma família que pode durar para sempre. Família maçada acaba despedaçada. O mal da família é um problema de má-criação e de falta de respeito. Os familiares mostram-se incapazes de viver com civilidade, gritam, insultam-se, abusam do seu poder.
Se um miúdo, quando leva um estalo, puder fechar-se uma semana no seu apartamento a ouvir heavy metal a altos berros; se uma mulher, quando o marido a chatear, puder puxar da agenda de solteira e passar o resto do dia a fazer telefonemas a ex-namorados; se um marido, maltratado pela mulher, tiver uma sala onde possa receber os amigos, para jogar à lerpa, beber água-pé e visionar videocassetes da Cicciolina, o conflito desagudiza-se naturalmente.
É uma questão puramente arquitectónica. Mais tarde ou mais cedo, como é regra do amor, as saudades superam os ressentimentos e as campainhas começam a tinir. e os "desculpa lá" recomeçam a ressoar. As pazes fazem-se de livre vontade. Os beijinhos dão-se de bom grado. A família reúne-se, no verdadeiro sentido da palavra. E reina a concórdia.
Na versão actual, exceptuando as famílias que vivem em grandes mansões com tantas alas e governantas que os membros só se vêem à hora de jantar, a família portuguesa é um convite à promiscuidade. Os pais reprimem os filhos, querem sempre ver o canal errado, insistem em comer carapaus grelhados, obcecam-se com a conta da luz, não adormecem até chegarem as crianças e por isso dormem pouco e por isso contraem doenças nervosas e por isso culpam os filhos.
Os filhos, por sua vez, são indiferentes ao amor dos pais, ingratos, insolentes, intratáveis, gastadores inveterados e, ainda por cima, profundamente infelizes. Nas situações mais extremas de proximidade familiar, ou seja, nas barracas, os homens batem nas mulheres e acordam as crianças, os avós atam-se aos vãos das portas, os pais violam as filhas, os irmãos disparam caçadeiras contra os pais, os cunhados telefonam para O Crime. E tudo durante a novela, enquanto o cheiro dos rissóis se vai entranhando no terilene dos lençóis.
A família é uma instituição demasiado preciosa para se deixar destruir pela coabitação obrigatória, pela prepotência paterna e pela falta quase absoluta de privacidade. O amor é demasiado raro e difícil para se estar a esbanjar na rotina quotidiana do concubinato. É preciso salvar a família da excessiva familiaridade. A familiaridade, dizem os ingleses, gera o desprezo. O desprezo é fatal. A ansiedade dos filhos por abandonar a tirania do lar paterno é tão grande que os atira para a miséria de constituir novas famílias em quase tudo semelhantes àquela que deixaram. É um circulo vicioso. É um vício circular. Numa concepção anarco-conservadora, que visasse proteger a liberdade dos familiares com vista à perpetuação da família, a felicidade seria uma função simples de poder pagar três rendas de casa. Ou de transformar cada assoalhada num apartamento, ou de desdobrar cada T3 em 3 Ti 's cada uma com a sua muralha, nem que fosse de contraplacado, cada um com a sua chave.
Em última análise, quando não houvesse dinheiro para isso, seria preferível misturar famílias, trocando camas de casa para casa, de modo a separar os casais e os respectivos filhos, num regime de holiday home. A família é uma instituição que corre perigo. Com razão. É uma instituição insuportável. É uma mini-Mafia, com abraços e facadas, lágrimas e jantaradas, com a desvantagem de ser não-lucrativa. É uma pandilha permanentemente com os azeites e os óleos de Fula. É um pandemónio fascistóide. É uma Cosa Nostra que preferíamos fosse Dotra pessoa qualquer.
É preciso avançar para a família do futuro: para as cooperativas sanguíneas, onde cada um tivesse o seu cantinho, onde as crianças se _ considerassem 'adultas' aos 12 anos, os adultos recuperassem a irresponsabilidade da adolescência aos 35 anos e ninguém estivesse com ninguém sem que lhe apetecesse estar.
É preciso reinventar a família como uma comunidade multi-etária de compinchas livres e respeitadores. De modo a mais ninguém poder sujeitar os parentes encarcerados à sua opinião sobre a recandidatura de Mário Soares, ou descascar uma só laranja em frente do televisor, ou despir uma só peúga que fosse, ou cortar as unhas dos pés na presença de menores, ou dar impunemente, em plena sala de estar, no seio da família, um único e preguiçoso pum.
E, em vez de pedir desculpa, sorrir, e pedir que alguém lhe passe a TV Guia.

Miguel Esteves Cardoso

Muito ... Muito ... extenso ... :)
Li esta crónica quando ainda existia a revista K ... As crónicas do MEC eram para mim leitura obrigatória ... esta ficou ...
Vale mesmo a pena ler :)

2004-07-28

Arrábida ...


sem titulo ....

Ao sentir sem deixar de ver aquele brilho ao luar
Uma luz azul ofusca o olhar e penetra nos corpos suados de paixão
Sem sentir ao deixar de ver um frio se instala
Que ninguém sente o perder para deixar tudo o que nunca quis ter
09-09-1997

Mais um pedacinho ... do meu caderninho :) as coisas que encontro ....

2004-07-27

Viver ...

Viver, mas viver devagarinho ... pé ante pé traçamos o nosso caminho …caímos .. levantamos … aprendemos e crescemos … mas agora mais devagar …
Agora com mais precaução … mas nunca esquecer que um pouco de libertinagem e cabeça perdida … também nos faz bem .. faz-nos sorrir ...
O hoje passa mais depressa do que o ontem de criança … recordo-me de que as férias grandes …eram mesmo grandes … e agora pequenas demais …
Os dias mesmo longos … já não são tão longos … muita preocupação … muitos afazeres … o dia corre mais depressa do que nós …
Os ventos mudam de direcção com mais facilidade … embora são muitos aqueles que ficam parados … mesmo na tempestade da mudança …
Eu velejo e cresço e aprendo ao sabor das correntes … e sabe-me bem … olho e consigo ver … cada vez mais longe e mais definido o que quero ser …

2004-07-26

Eu fui ....

Isto anda a tornar-se repetitivo :)

A verdade é que com tanta coisa a acontecer ... não tenho resistido em participar ...
O Sonic Fresh, de facto foi (e ainda está a ser, mas hoje fiquei por casa :)) ... nem palavras para exprimir ...

Imaginem o calor que esteve ... insuportável (creio que esta parte não seja dificil de imaginar LOL) ... onde apetece estar ... junto ao rio...
Imaginem-se lá ... no fresquinho (confesso que só senti uma breve aragem pelas 7:00 da manhã) ... a ouvir um bom som, obviamente ao ar livre ... na companhia de amigos ... e com uma vista privilegiada ... ver o nascer do sol por detrás da cabine do DJ Superpitcher ... olhar em redor ... e parecer estar dentro de um filme do Tarantino :) ....
enfim foi BOM e recomenda-se !!! :)))

2004-07-22

A Canção da Mulher ...

Que o outro saiba quando estou com medo e me tome nos braços sem fazer demasiadas perguntas.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos se precisar ficar um pouco quieta.
Que, se estou apenas cansada, o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade, mas talvez por culpa ou acomodação.
Que, se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo de que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que, se estou numa fase menos boa, o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarido, nem dizer: "olha que estou a ter muita paciência contigo".
Que, se me entusiasmo por alguma coisa, o outro não a despreze nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que, se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro - filho, amigo, amante, marido - não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas aceite quando não posso ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que embora às vezes me esforce, não sou nem devo ser a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa ... uma mulher!
Lya Luft

Tejo ...





Tirada das Portas do Sol ... Santarém ... num fim de tarde em boa companhia ...

2004-07-21

Um cantinho novinho em folha ...

A Maria das Coisas Simples ... do blog (Re)Criando teve um susto, quando desapareceu o seu cantinho ... espero que o Sapo resolva este problema brevemente ..

De qualquer forma, não desanimou e criou um novo cantinho ... também muito especial :

Um cantinho a visitar !!!

Força Maria

2004-07-19

Boo ...


Eu fui ....




E sabem que mais nem se compara ao Optimus Hype@meco ... só sei que os Chemical arrebataram o pessoal ... 1 hora e meia a tocar que mais pareceram 20 min ... o tempo passou nem se deu conta ... tudo de braço no ar ... aos saltos ... só lá estando mesmo !!!
Foi lindo ......
O recinto deixou muito a desejar ... piso de terra batida ... a tenda sem alcatifa ... enfim o primeiro ano no terreno do Krazy World (ao lado, não dentro como nos dizia a publicidade) ...

2004-07-14

Tesouros

Entre riscos e rabiscos … coisas cheias de pó … coisas que transpiram recordações encontram-se pequenos tesouros … tesouros guardados com carinho … eu guardo os meus em caixinhas … caixinhas de todos os tamanhos e feitios … caixinhas que são oferecidas por este e aquele que se cruza no meu caminho … caixas de Africa, da India, e até mesmo da feira da ladra … não importa de onde vêm … mas de quem vieram … lá encontro moedas de outros países … pedrinhas de quartzo trazidas com carinho do egypto … brincos sem par, os quais me recordo onde os perdi e em que circunstância aconteceu … enfim um mundo em miniatura … pequenos trechos de uma vida … guardados com carinho em caixinhas de madeira …

...

A Felicidade é uma viagem ... não um destino ...

2004-07-13

Eu fui ....


2004-07-09

Puf Puf ...

Sexta-feira finalmente ... se a próxima semana fôr como esta ... acho que não aguento !!
As férias só as consigo ver através de uns binóculos :) ... ainda falta um mês! ....
Só me apetece pensar em sol, praia, mar, sestas na rede, ler um kilo de livros ... e não fazer nenhum !!!
Beijinhos a todos
Um excelente Fim-de-Semana

2004-07-07

Cidade de Deus ...



Vi-o ontem pela segunda vez ... e recomendo-o
Um filme em que a realidade é conseguida ... transporta-nos para uma favela (Cidade de Deus), desde o seu início (anos 60), onde as casas muito alinhadas se debruçam em ruas de terra batida ... e assistimos ao seu crescimento, à intemperis ... duma forma extasiante ... viajamos no tempo com os actores e com tudo o que os rodeia.
É a história de Buscapé ... um menino que não quer seguir o percurso "normal", de quem vive num local como este.
Aprende a viver tudo ... através da lente de uma máquina fotográfica ...

2004-07-04

NASCIDOS ANTES DE 1980 - SOMOS HEROIS...AINDA ESTAMOS VIVOS!

Vendo bem as coisas..., é difícil acreditar que estejamos vivos hoje!
Quando éramos pequenos, viajávamos de carro (aqueles que tinham a sorte de ter um...) sem cintos de segurança, sem ABS e sem air-bag!
Os frascos de remédios ou as garrafas de refrigerantes não tinham nenhum tipo e tampinha especial... que vinham embaladas sem instrução de uso...
Bebiamos da torneira e nem se conhecia água engarrafada! Que horror!!!!
Andavamos de bicicleta sem usar nenhum tipo de protecção e passávamos as tardes a construir carrinhos de rolamentos.
Atirávamo-nos ladeira abaixo e esqueciamo-nos que não tinhamos travões até que uma qualquer calçada ou árvore nos deparásse no tragecto...
Depois de muitos acidentes de percurso, aprendíamos a resolver o problema ... SOZINHOS !!!!!
Nas férias, saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo; os nossos pais às vezes não sabiam exatamente onde estávamos, mas sabiam que não estávamos em perigo. Não existiam telemóveis! Incrível!!!!!!!!
Quantas nódoas negras, braços partidos, dentes arrancados com o embate de quedas... Lembram-se destes incidentes? Janelas quebradas, jardins destruídos, as bolas que caíam no terreno do vizinho...
Haviam brigas e, às vezes, muitos olhos negros. E mesmo feridos e chorosos tudo passava depressa; na maioria das vezes, nem mesmo os nossos pais descobriam...
Comíamos doces, pão com muita manteiga... E ninguém era obeso... No máximo, era-se um gordinho saudável... Dividia-se uma garrafa de sumo, refrigerante ou até uma cerveja às escondidas, entre três ou quatro petizes e ninguém morreu por causa de doenças infecciosas!
Não existia a Playstation, nem a Nintendo... Não havia TV por cabo, nem video, nem computador, nem internet... Tínhamos, simplesmente, amigos!
Andava-se de bicicleta ou a pé. Íamos a casa de amigos, tocávamos a campainha, entrávamos e conversávamos.... Sózinhos, num mundo frio e cruel !!!!!!!! Sem nenhum controle! Como sobrevivemos ????
Inventávamos jogos ... com pedras, feijões ou cartas...Brincávamos com pequenos monstros: lesmas, caramujos, e outros animaizinhos, mesmo se nossos pais nos dissessem para não fazermos isso!
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros e tiveram que refazer parte do Liceu. Que horror! Não se mudavam as notas e ninguém passava de ano, mesmo não passando... Os professores eram insuportáveis! Não davam abébias...
Os maiores problemas na escola eram: chegar atrasado, mastigar pastilhas na aula ou mandar bilhetinhos gozando com a professora. Correr demais no recreio ou faltar à aula só pra ficar a jogar à bola no campo...
As nossas iniciativas eram "nossas", mas as consequências também! Ninguém se escondia atrás do outro... os nossos pais estavam sempre do lado da Lei quando transgredíamos as regras! Se nos portávamos mal, os nossos pais colocavam-nos de castigo e incrivelmente, nenhum deles foi preso por isso! Sabíamos que quando os pais diziam "NÃO", era "NÃO".
Recebiamos brinquedos no Natal ou no aniversário e não de todas as vezes que íamos ao supermercado... Os nossos pais nos davam presentes por amor, nunca por culpa... Por incrível que pareça, as nossas vidas não se arruinaram por não ganharmos tudo o que gostaríamos, que queríamos....
Esta geração produziu muitos inventores, artistas, amantes do risco e óptimos "inventores" de soluções. Nos últimos 50 anos, houve uma desmedida explosão de inovações e tendências...
Tínhamos liberdade, sucessos, algumas vezes problemas e desilusões, mas tínhamos muitas responsabilidades... E não é que aprendemos a resolver tudo?... e sózinhos...
Se é um destes sobreviventes.... PARABÉNS!!!!!!!!

A minha prima enviou-me isto por mail ... confesso que a maior parte destas coisas fiz com ela :)

2004-07-02

Princípios ...

Ontem fui forçada a fazer algo contra os meus princípios ...
Dormi com o travesseiro (que é o melhor conselhereiro!!!) e sabem que mais sinto-me bem comigo mesma ...
Sejamos racionais ... o que fui fazer pode ser contra a minha maneira de ser e estar na vida ... mas não tive outra alternativa ... não me deixaram ter outra ...
Então só posso sentir-me aliviada ... aliás já devia tê-lo feito à seis meses atrás ... se soubesse que iria reagir desta forma, já tinha lá ido.
Ao entrar nas divisões fui-me arrepiando ... estava tudo religiosamente no mesmo sítio onde deixei há quase um ano ...
Por momentos senti-me num filme do Alfred Hitchcok ... a escuridão, o silêncio, a expectativa de encontrar alguém atrás da porta, o cheiro nauseabundo a mofo, a comida estragada e a cigarros... as coisas cobertas de pó, no mesmo local ... onde as deixei ... uma casa de fantasmas ... mais parece que ninguém lá habita ...
Agora estou feliz ... muito mesmo ... estou tranquila !
Agora é esperar que tudo o resto se resolva em tribunal ... para poder começar ... ou recomeçar tudo de novo :))


 
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