Nada ao Acaso

2004-05-28

Estou lamechas ...

Esta música tem para mim um significado especial ... e até já a coloquei num post anterior ... mas só parte dela ... hoje dei comigo a ouvi-la... já não ouvia este album há uns meses, e continuo a sentir o mesmo que sentia ...

You Make It Easy
" Never been here - How about you ?
" You smile at my answer,
You've given me the chance,
To be held and understood.

You leave me laughing without crying,
There's no use denying,
For many times I've tried,
Love has never felt as good.

Be it downtown or way up in the air,
When your heart's pounding,
You know that I'm aware.

You make it easy to watch the world with love,
You make it easy to let the past be done,
You make it easy.

How'd you do it ? How'd you find me ?
How did I find you ?
How can this be true ?
To be held and understood.

Keep it coming - no one's running
The lesson I'm learning
'Cause blessings are deserved
By the trust that always could

Be it downtown or way up in the air,
When your heart's pounding,
You know that I'm aware.

You make it easy to watch the world with love,
You make it easy to let the past be done,
You make it easy.

You make it easy to watch the world with love,
You make it easy to let the past be done,
You make it easy.

Air – Moon Safary

2004-05-26

As favoritas ...


Grãos de areia ...


2004-05-24

Viver não dói

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria nós não sofrermos, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão boa, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos porquê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projecções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido juntos e não tivemos, por todos os espectáculos e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente connosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nossa equipa perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado a nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
Se nos iludirmos menos e vivermos mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional
(Carlos Drummond de Andrade)
Não resisti …

2004-05-20

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

2004-05-18

Mais algodão doce ...


Tarantino ...



Fui vê-lo tarde ... mas de cinema vazio !

2004-05-17

Dá as badaladas da meia noite ... e dá-me para estas coisas ...

Qualquer pessoa pode zangar-se - Isso é fácil !

Mas zangar-se com a pessoa certa, na justa medida, no momento certo, pela razão certa e da maneira certa.

Isso, não é fácil!

2004-05-13

Algodão doce ...


2004-05-12

Primavera ...

Mais uma primavera ... Mais uma fase ... Mais uma crise ...
A verdade é que muitas vezes eu e o meu pai pensamos como é possível tratarem o doente mental com "igualdade" quando na prática, só têm direitos. Não podemos exigir que funcione como uma pessoa sã, e quando faz disparates, ainda temos que ser nós a resolvê-los. O doente mental é inimputável, pois perante a lei, e com apenas um relatório do psiquiatra, ficam livres de voltar a fazer outro e talvez ainda maior disparate.
No desespero de uma crise passamos sempre pela fase que não vai haver melhoras, pelo pavor do que irá fazer desta vez. Passamos de família, a selva sempre atentos ao mínimo indício. Quando vai atacar ? Quem vai ser a vitima desta vez ? Chegamos a pensar que está tudo louco, ao quererem integrar uma pessoa com doença mental. Isto sem apoiar os alicerces primeiro, ou seja as pessoas que o rodeiam (cuidadores).
Nas crises o optimismo passa rapidamente a pessimismo, e por desespero quase não se dorme com medo de ela entrar no quarto com as facas. Nestas fases repete inúmeras vezes que nos vai matar e como nos vai matar, por muito que não queiramos acreditar ou mesmo pensar nisso, é-nos impossível considerar : o que é a impede de o fazer, está completamente perdida !
E começa a espiral de acontecimentos, em que nos é impossível ter disponibilidade para viver na "normalidade". Chegam os desaparecimentos, e as buscas incessantes por onde possa estar, até que vem com a notícia do disparate que fez. Muitas vezes culpamo-nos por não acompanhar, mas como ? Ela anda a 200%, é impossível acompanhar ou até mesmo prever o passo que vai dar a seguir. A isto adiciona-se uma vida profissional cheia, que muitas vezes não nos deixa respirar, e que se transforma no escape de tudo, o centro de tudo, a desculpa para tudo.
Completamente perdidos procuramos apoio, e que temos é nada. Em vez de ajudar, dizem para termos calma. Em vez de acompanhar, receitam mais umas drogas a ver se resulta ! Dez dias passam e a medicação nova não resultou, e porquê ? porque a família não conseguiu acompanhar o doente na toma dos medicamentos!!! Solução internamento compulsivo.
Depois começa a fase 2 do problema. Os restantes familiares, os amigos e vizinhos. Tentar explicar a pessoas que acham que nunca a viram "tão bem" e "tão equilibrada" porque foi internada. Ninguém entende, ficam com receio de também eles serem internados, por acharem normais os comportamentos. Já tentamos tudo, várias maneiras de colocar a questão, vários discursos. Se dizemos que ela é doente mental associam sempre a pessoas a babarem-se, se dizemos que é maluca, associam a uma pessoa completamente perdida e desequilibrada (sintomas que ela nunca os deixa ver).
E aos poucos em vez de ajuda, o que temos é as pessoas que nos rodeiam a roubarem-nos a energia e a força que nos resta. Que tanto necessitamos para a fase seguinte. Reintegração no seio familiar após internamento.
Não há tempestade sem a bonança. Cada dia que passa é um adaptar aos novos hábitos, e acima de tudo o mais positivo, é que começa a existir novamente conversa à mesa nas refeições. O primeiro sinal, e a luz ao fundo do túnel que já esperávamos e desesperávamos de ver. Comparo esta fase como que de uma criança que acaba de nascer. No fundo a minha mãe renasce cada vez que é internada.
Lembro-me de uma frase que disse ao 1º psiquiatra dela : "Não aguento isto! ora morre ora ressuscita". Apenas precisava de tempo para me habituar a esta nova condição. Não posso pedir muito, posso sim aproveitar os poucos momentos de sanidade mental dela, e tentar vivê-los de uma forma mais normal possível, sem grandes exigências. Respirar fundo, descansar, e nunca deixando de estar atentos baixamos os ombros e suspiramos de alívio. " Esta já passou!"
E simultaneamente pensamos mais uns meses e estamos no Outono, e lá vem outra fase um pouco diferente da anterior. Enchemos o peito de ar e coragem e vamos a isto!


 
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