Nada ao Acaso

2006-02-16

... um estar ...

O relógio do corredor deu as horas, lá fora o vento assobiava, como que se de um mau pronuncio se tratasse. Encolhi-me no sofá com a minha manta azul turquesa, e contemplei a luz que vinha da lareira, o ondular das chamas e os sons estaladiços da madeira aquecida.
A impaciência da gripe, não me descansava, a febre não me deixava pensar com clareza. Sentia-me só. Sentimento de solidão que a doença nos envolve.
Arrastei-me pelo corredor, olhando os quadros pendurados ganharem vida própria. Segurei com força o corrimão e num impulso ergui a custo o peso do meu corpo para o primeiro degrau. Quando finalmente consegui o aconchego do meu ninho, fechei os olhos julgando não conseguir ultrapassar a noite.
Quando sem esperar a mão amiga e calorosa puxou a manta adamascada e me aconchegou, deitando-se ao meu lado ... e eu adormeci.


 
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